segunda-feira, 29 de abril de 2013



Ó, este cheiro de mato!

Mata-me este cheiro de mato.
De mato cortado.
Recorda-me tempos bons demais.
Coisas que se eternizaram nas lembranças.
Quando sinto este cheiro começo a viajar...
Confesso que consigo voar e bem depressa.
Lá pra aonde eu vou se acaba minha pressa.
Fico lá correndo com meus pés de menina.
Com meus olhos de criança ganho confiança.
E corro sem parar.
Quase consigo alcançar um pássaro a voar.
Borboletas também posso pegar.
E corujas...
Deus! Fiz tantas artes nos ninhos das pobres.
Busquei lagartixas para correr pelos meus braços.
E cigarras eu amarrei com barbante longo.
Dá-lhes a ilusão do voo.
Não fazia por maldade.
Era a inocência.
Era a idade.
O cheiro de mato me traz tudo isso.
E mais que isso.
Devolve-me um paraíso.

sonia delsin 



DIMINUTO PEDIDO

Eu lhe pedi
muito pouco.
Tão pouco
que considero
que foi
o mínimo possível
Mas
nem meu
diminuto pedido
foi atendido.
Nada você
pode me dar.
Simplesmente
porque
nada tinha
para ofertar.

sonia delsin 



DEIXAR A EMOÇÃO FALAR

Há horas em que apenas
um ombro amigo
pode nos bastar.
Ter um lugar bom para encostar.
Desabafar...
Melhor ainda se
uma mão carinhosa
deseja
nos afagar.
E uma boca está sedenta por nos beijar...
Aí então é só deixar a emoção comandar.

sonia delsin 


QUERO LHE AMAR...

Me aninhe em seu peito musculoso.
Diga que meu beijo é perigoso.
Mas gostoso.
Alisa meus cabelos...
Meus ombros vem beijar.
Desça devagar.
Adoro o seu acariciar.
Mais e mais quero lhe amar.
Estou a lhe esperar.
Meu corpo só de pensar já está a se abrasar.

sonia delsin 


ECHARPES DE SEDA

Espalhadas.
Rasgadas.
Foram todas estraçalhadas.
Em meio a risadas.
Mas não alegres gargalhadas.
Risos imprecisos.
Risos incisivos.
Os dedos a rasgar e o coração a chorar...
Por sonhos que ela precisou enterrar.


sonia delsin 



CAPOTINHOS MARRONS

Eles me anunciam que chegou o novo dia.
Pulo da cama.
Que alegria!
Tão bom acordar com esta sinfonia.
Pardais.
Capotinhos marrons.
Eles se destacam na manhã com seus sons...

sonia delsin 



FIM DE TARDE

É fim de tarde.
Caminho pela cidade.
Venho observando as casas, as ruas, os transeuntes.
Os veículos que passam.
Os pássaros.
Observo uma criança com um picolé na mão.
O líquido escorre pelo braço e ela tenta se apressar no chupar.
Vejo um vulto se aproximando.
Recordo alguém que me toca.
Continuo minha estrada.
Não se trata desta pessoa tão amada.

sonia delsin