Ó, este cheiro de
mato!
Mata-me este cheiro de mato.
De mato cortado.
Recorda-me tempos bons demais.
Coisas que se eternizaram nas
lembranças.
Quando sinto este cheiro
começo a viajar...
Confesso que consigo voar e
bem depressa.
Lá pra aonde eu vou se acaba
minha pressa.
Fico lá correndo com meus pés
de menina.
Com meus olhos de criança
ganho confiança.
E corro sem parar.
Quase consigo alcançar um
pássaro a voar.
Borboletas também posso pegar.
E corujas...
Deus! Fiz tantas artes nos
ninhos das pobres.
Busquei lagartixas para correr
pelos meus braços.
E cigarras eu amarrei com
barbante longo.
Dá-lhes a ilusão do voo.
Não fazia por maldade.
Era a inocência.
Era a idade.
O cheiro de mato me traz tudo
isso.
E mais que isso.
Devolve-me um paraíso.
sonia delsin